Libero tari libera nos

Abaixo todos os homens gritavam, batiam panelas e seguravam cartazes pedindo liberdade, centenas deles se aglomeravam nas ruas e eram sumariamente ignorados pelos homens de cinza no topo das árvores de concreto.

Cercado de grossas folhas de vidro, é certo que os homens de dentro não podiam ouvir os de fora. Não havia frestas, mas eles seguiam a vida como se sequer enxergassem os homens de fora,
Mas a estrutura das árvores de concreto fora projetada por homens e no encontro de duas das folhas havia espaço suficiente para uma semente, e lá uma semente se instalou e por algum motivo germinou.

Germinou e cresceu, e a pressão entre as duas folhas cresceu junto até que ambas as folhas trincaram, e pesadas como eram estilhaçaram e foram abaixo logo em seguida.

Cacos de vidro afiados choveram em direção ao povo de baixo, que correu desesperado por abrigo. Segundos depois a chuva mortal cessou e consigo cessou a gritaria dos homens de baixo, que fitavam maravilhados a destruição... acontece que as duas folhas trouxeram a baixo todas as outras.

O silêncio perdurou por alguns minutos, até que um dos homens de cinza resolveu descer de uma das árvores de concreto, todos os outros seguiram-no pouco tempo depois.

Hoje, todos os homens vestem cinza.

E todas as árvores são de concreto.

Escrito em 05/02/2013