Paul e as lágrimas lunares

Paul chegou tarde, seu rosto transparecia uma tristeza que eu já tinha visto antes, mas não queria ver nunca mais.

Todos nós temos o direito de nos sentirmos mal vez ou outra, mas eu não queria que o mundo lhe forçasse a exercer este direito.

Essa dor que vem dum lugar profundo e não me deixa respirar, a dor de não poder fazer nada, de abraçar forte, fechar os olhos e torcer pro sentimento atravessar o peito de um e invadir o do outro. Só queria absorvê-lo todo, mas não posso...

e não seria justo poder.

Paul desapareceu.

E desaparecido ficou... porque o que sente talvez seja dele e ele não quer dividir.

Mas essa dor, essa dor de querer que fosse meu também.

Sou egoísta por querer sofrer o sofrimento do outro? Por querer ver o sorriso, e só querer ver a lágrima se for acompanhada de um sorriso? Mas...

mas o sorriso dele é a coisa mais linda.

O mundo não merece as lágrimas de Paul.

E eu não mereço tirá-las dele.

Paul vai voltar, assim como a Lua míngua, a tristeza dele minguará, e o sorriso voltará a iluminar o meu céu.

Sou egoísta.

Preciso tanto dele bem para estar bem.

Escrito em abril de 2019