A Menina Que Se Apaixonou Pela Chuva


Depois de algumas horas de sono um estrondo. Abriu os olhos lentamente, o medo pressionava seus peito e a deixava sem fôlego. Tentou se acalmar, tudo estava escuro e silencioso novamente.
Fechou os olhos fortemente, começou a cantar para si uma canção de ninar que ouvira de sua avó, normalmente a ajudava a dormir, mas não aquela noite.
Algumas horas depois, jogou os lençóis no chão enquanto tentava alcançar o interruptor, ainda na cama. Falhou e deu-se uns tapinhas na cabeça lembrando que o interruptor ficava bem longe da cama desde a mudança.
Colocou os pés descalços no chão, ao mesmo tempo sentiu uma brisa fria, vindo de lugar nenhum o estranho ar gelado lhe enchia os pulmões, tateou o pequeno lençol e se encasulou nele. Tentou colocar os pés num par de chinelos e frustrou-se por não encontrá-los no lugar onde imaginara que estivessem.
Tremia enquanto caminhava em direção a porta, estendeu os braços na esperança de alcançar a maçaneta quando uma mão lhe agarrou o pulso, fria como gelo. Gritou, sua voz não parecia funcionar no ar quase espesso pelo frio. Puxou o pulso fortemente, não era o suficiente para se livrar. Quem estaria alí? Largou o lençol e, mantendo a calma, esticou o braço, o frio parecia se intensificar onde o corpo estava. Respirou profundamente e tocou a pele nua e gelada. A mão estranha deslisou em direção ao seu cotovelo e antes que percebe-se ela estava sendo pressionada contra ele. Suas roupas trincaram e se despedaçaram ao encontrar a pele fria. Ela já não sentia medo, a temperatura não mais a incomodava. Nua, deixou-se levar pelos braços gentis daquele corpo desconhecido.
Quando acordou no dia seguinte as janelas estavam abertas, a cortina tremulava e a chuva caia lá fora. Seguiu em direção às gotas e nas nuvens estava o sorriso gelado da criatura por quem se apaixonou mesmo sem ver. As gotas de tempestade eram tão frias quanto o corpo que a possuíra na noite anterior, sorriu ao lembrar da promessa que ele voltaria como a chuva sempre volta, sorriu pois sabia quem era, sorriu pois sabia que seria feliz.