Dois Parágrafos Menos Longo


Faz tempo que não escrevo aqui e desta vez que tenho desculpas verdadeiras para justificar minha ausência a mim mesmo, não tenho a mínima vontade de fazer. Um hiato é bom, e quanto mais longo melhor ele é, desde que não dure a vida inteira.

O fim do ano está chegando e com ele chegam as lembranças destes últimos três anos que passei escrevendo aqui, é triste pensar que tudo seguiu um caminho tão averso ao que eu gostava de imaginar. Minha imaginação sempre foi muito fértil no quesito imaginar a vida que eu gostaria de ter, mas quando o assunto é projetar a realidade minha mente me dá um tapa e me manda voltar para o irreal, tudo é tão mais fácil quando não pensamos na vida que tem que ser vivida de verdade.

Mas é estranho quando a vontade de escrever sai do mesmo lugar que sempre saiu, mesmo com a distância, mesmo com o contato nulo tudo acontece da mesma forma: me espanto ao ver algo escrito no blog dela e de repente meus dedos coçam, loucos para fazerem brotar na tela aquele conjunto de palavras que podem só fazer sentido a mim, o sentimento é de euforia até conseguir colocar ali tudo o que quero dizer, mesmo que ninguém se importe.

Me sinto um invasor interceptando cartas de uma moça distante e as respondendo mentalmente, como se ela estivesse se correspondendo comigo, como se cada resposta ditada no papel mental fosse entregue fisicamente a ela, consigo até imaginá-la lendo a carta em meio a sorrisos e expressões de espanto, e correndo para casa em busca de mais papel e tinta para respondê-la. (viu? imaginação fértil!)

Já me disseram que isso aqui parece um diário, mas não é, são cartas, cada uma com um propósito, um destinatário e um caminho a percorrer.

Agora, para mudarmos de assunto, acho que não acredito mais em almas gêmeas, não em mais de uma, acho que encontramos a pessoa ideal uma vez na vida, e a janela de oportunidade é bem curta, ás vezes conseguimos expandir essa janela por anos, ás vezes pulamos a janela e passamos o resto da vida com esta pessoa, mas por vezes a janela se fecha.

Mesmo barbudo e alguns centímetros maior, sou a mesma pessoa que sempre fui, e talvez isso seja uma falha grande, uns são conhecidos por relacionamentos curtos, eu sou conhecido por não ter relacionamentos, e realmente não sei se gostaria de gostaria de ter, todo o conceito de se relacionar é complicado, é delicado e exige trabalho árduo, e no fim grande parte deles falha.

Talvez é o conceito que peca ao definir o que fazer, quando fazer, porque fazer, com quem fazer e como fazer, é um conceito megalomaníaco por natureza, é errado e todo mundo vive de adicionar mais regras e mais obrigações a algo que deveria ser tão simples.


A palavra relacionamento deveria expressar a relação entre duas pessoas que se amam, é isso que eu guardo como sendo imprescindível e é isso que tomo como sendo a verdade da coisa, todo o resto é barulho, é excesso.

Lembra da analogia de estarmos no mesmo barco? O relacionamento é o barco.


Esse texto deveria ser dois parágrafos mais longo, mas por conta das insanidades proferidas por este que o continua escrevendo os dois últimos parágrafos foram deletados, melhor assim.