Revolta dos Vinte Centavos


É bom dar uma utilidade nobre as lágrimas que normalmente só servem a fantasias escritas ou televisionadas. Dizem que amor é quando a gente não quer dormir porque a realidade é melhor do que o sonho (Dr. Seuss), e quer amor maior que o amor á pátria?
Viver num lugar onde a juventude se importa mais com o tamanho da bunda alheia do que com o tamanho do absurdo que os cerca sempre foi motivo pra vergonha, mas quando a juventude resolve deixar as bundas em seus devidos lugares e saem em peso ás ruas, num verdadeiro tapete de esperança, tão verde quanto a bandeira que carregam nos ombros - e finalmente no coração - é o que me fez chorar nos últimos dias.
Verdadeiras declarações de amor espontâneas simples e maravilhosas passaram a chover em todos os cantos desta selva (de pedra para nós, cheia de macacos para os gringos). Pintamos a cara de verde e amarelo mas as únicas bolas que vimos foram de borracha, atiradas em nosso peito.
Os que sangraram fisicamente foram os heróis, os verdadeiros representantes do povo, enquanto os impostores se escondiam em seus cofres e choravam sobre o dinheiro roubado, o gigante finalmente acordou e a festa acabou.
Os falantes da telinha se calaram. O país parou e a novela das oito não foi o motivo, a audiência fugiu pra rua e gritou que não será mais manipulada, os vinte centavos caiam dos bolsos na correria.
As palavras dos velhos ídolos já falecidos fizeram sentido, e os novos desceram do pedestal e se juntaram aos meros mortais, todos eram iguais e todos lutavam por um mesmo propósito: Amor. Amor este que foi declamado, cantado, chorado e gritado centenas de vezes, e mais algumas. E a pátria era cada vez mais amada, cada vez mais idealizada e se enchia de esperança ao ouvir que, após décadas de passividade seus filhos não mais fugiriam a luta.