Esperança morta

Dizem que a "esperança é a última que morre", será mesmo? Acredito que não.
Vamos falar da esperança do alguém. É difícil deixar este sentimento de lado, principalmente quando o alguém que você deseja é parte importante e integrante da sua vida, da sua rotina, dos seus pensamentos noturnos.
Acontece que ter esperança é algo infinitamente mais fácil que não tê-la. Matar a esperança significa desistir, palavra que não integra o vocabulário de muitas gentes, mas muitas vezes desistir evita outro sentimento, ainda mais incompreensível que a esperança que é um sentimento besta, romântico e sem virtudes. Este outro sentimento é o sofrimento. O sofrer é, muitas vezes, derivado da esperança, e pode perder sua força caso abandonemos esta companheira indesejada.
A esperança barra, cerceia, impede, faz-se de bela e atrai sofrimento quando toma a mente do indivíduo que  padece dela. E o sofrimento não é desejável, é necessário, mas não querido.
Escolhi deixar de sofrer e ter esperança simplesmente porque esperança cansa. Não há atribuição de culpas na minha desistência, há cansaço. E não me vejo como um fraco por ter desistido, pois foi desistência sabida, desistência pensada. Funciona como um antibiótico que tem um método incomum de agir, ele piora a infecção (o sofrimento), mata o agente infeccioso (a esperança) e depois de um período não há resquício nenhum de ambos no organismo.
Pode ser uma ação incompreensível para alguns, mas faz sentido para mim, e espero que funcione, já que a infecção ainda parece grande, mas sinto que o agente está tão diminuto que pode sumir a qualquer momento. Por fim, acredito que o sofrimento será o ultimo a morrer neste caso, principalmente porque é de espécie rara, é de amor, Dolorem Amoris.