"Geralmente minhas decisões tomadas em poucos segundos estão erradas, mas se tem algo que eu não consigo cultivar é arrependimento. O que me faz pegar o túnel do tempo, repensar e recriar diversas situações, o surpreendente é que o túnel me devolve com um auto-rancor incompreensível, Lá vem cautelosamente os cavalos alados do arrependimento? Não, como disse, desse mal eu não sofro. Esse remorso,  rancor,  culpa, derivam da falta deste sentimento comum ao ser humano.

Me assusta essa idéia de sentir medo de fazer algo apenas por acreditar que, num futoro, posso me arrepender. Isso de forma alguma me agrada. Me excita a idéia de escolher algo pelo "uni-duni-tê", a surpresa me faz arriscar...

O não arrependimento pode me fazer diabólico em algumas situações, mais pode me fazer mais forte num mundo onde as pessoas vivem por agradabilidade, vivem 'por' e não 'para'.

Isso deveria me blindar de alguma forma, me fazer acreditar que tudo que eu faça, mesmo que errado, esteja certo... Me faz brincar de Deus num mundo imundo de mortais disfarçados de anjos e demônios.
Mas  não faz, e escrevo isso por um surto momentâneo de arrependimento, onde me vi tendo medo de minhas decisões, onde me peguei vivendo [por alguns segundos] 'por'.

Escrevo isso para cristalizar, não para os outros, para mim mesmo, que eu sou sim arrogante e 'cheio de razão'.

Escrevo isso para esclarecer que qualquer escolha que eu tome, deve vir de mim, porque se ela estiver errada, poderei não sentir a raiva, a tristeza e o arrependimento de delegá-la a um outro ser qualquer. E viver as consequências que venham dela da mesma maneira que vivi sua escolha."